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Fatores Humanos na Manutenção
Você já ouviu falar “Fatores Humanos” envolvendo o
ambiente de trabalho do pessoal aeronáutico? Pois é esta uma das preocupações
atuais do Ministério da Aeronáutica. Tem sido um alvo e tema de debates, se a
industria aeronáutica deve ou não ter programas do tipo CRM – Company
Resouce Management. O Departamento de Aviação Civil está estudando através do
TE-2 a possibilidade de emitir uma IAC – instrução de aviação civil,
baseada na IAC 120-51B que tornará mandatório programas do tipo CRM para toda
industria aeronáutica.
Tais programas visão trazer uma
disciplina e uma conscientização para o pessoal envolvido nas operações com
aeronaves de forma que tais profissionais desenvolvam a tão discutida, em
outras épocas, consciência aeronáutica. Em outras palavras o profissional não
deverá se deixar conduzir pela situação mais somente pelo fato em questão,
preservando assim a integridade do seu trabalho, a manutenção da segurança de
vôo e o respeito pelo seu juramento profissional.
Quantas vezes, nos nossos dias
de trabalho, somos pressionados a abreviar os trabalhos a serem executados sobre
uma aeronave, pelo proprietário ou chefe da manutenção. Quantas vezes somos
obrigados a montar peças sem conhecer a sua origem ou sem o certificado de
conformidade emitido pelo fabricante da peça. Quantas vezes pilotos se arriscam
suas vidas voando em aeronaves com a inspeção vencida. Algumas vezes esses
fatores acabam por desencadear um acidente, muitos deles tendo
como vítima o próprio mecânico ou piloto que negligenciou os princípios básicos
da operação de uma aeronave.
É obvio que sempre há uma opção
para o proprietário. Ele sempre pode achar um mecânico ou piloto que
ultrapasse as regras e assine os documentos de trabalho dando-os como
“feito”. E para o mecânico ou piloto que se recuse a aceitar tal situação?
Certamente estará fora do seu emprego antes mesmo de terminar seu dia de
trabalho. Você contestaria uma irregularidade se você tivesse consciência da
sua existência? Pense agora na dificuldade de encontrar outro emprego. Seus
filhos, sua mulher, sua família que dependem do seu salário. Seus amigos ao
saberem vão lhe chamar de medroso. Sua própria família pode achar que você
é incompetente ou que arrumou uma desculpa para sair do emprego. Por outro lado
é quase certo que estes tipos de proprietários normalmente não usam tais
aeronaves para o seu transporte pessoal ou dos seus familiares e algumas vezes
pagam até muito bem a seus funcionários (economizando na compra peças baratas
no paralelo e deixando de cumprir os requisitos de manutenção obrigatórios e
previstos no manual do fabricante).
Para todas essas indagações
hipotéticas, existe o receio de se perder o emprego e isso induz as pessoas a
calagem quando não deveriam. A pressão é insuportável exercida pelo proprietário
da aeronave poderá fazer com que se ateste a aeronavegabilidade de uma aeronave
não aeronavegável. Os resultados dessas pressões podem também inibir o
questionamento de detalhes simples, aparentemente, como aquela chave que sumiu e
não se sabe onde se encontra e que mais tarde acabou travando um comando de vôo
e que causou aquele acidente que matou aquele outro colega de trabalho que
costumava tocar violão nos churrascos do fim de semana e que por tudo isso
dificilmente nós vamos nos esquecer dele.
O fato é que quando nos
tornamos licenciados nos tornamos responsáveis pelas vidas das pessoas que
confiam na nossa integridade profissional e essa responsabilidade ao ser
negligenciada “constitui crime”
quando cometemos erros com consciência plena das nossas atitudes. Se por tiver
uma consciência profissional íntegra o mecânico vai atrasar um serviço, que
irá causar perda de “dólares” ao seu patrão (proprietário) e irritar o
cliente, mesmo assim ele estará revestido da autoridade a ele delegada, no ato
do seu licenciamento, para garantir a segurança do vôo e por conseguinte dos
passageiros.
Creio, entretanto que o maior
trabalho de conscientização deve ser feito em princípio com os proprietários
que se utilizam destas práticas para que eles ajam com mais humanidade e
reflitam sobre a responsabilidade que eles têm sobre a vida dos seus clientes e
dos seus subordinados. Não basta introduzir a “consciência aeronáutica”
naqueles que executam bem o seu trabalho, pois esses serão os que estarão a
procura de novos empregos no dia seguinte.