Ensaios
em Vôo
Desempenhos
Estabilidade
Rendimento
Limitações
Vibrações
FADEC
VEMD
Motor Turbo Eixo
::
Rotores
O rotor principal de um helicóptero é um
sistema de asas que giram e que tem três funções básicas principais:
Assegurar a sustentação do helicóptero, desenvolvendo uma
força aerodinâmica igual e oposta ao peso aparente do aparelho;
Assegurar a propulsão do helicóptero, inclinado essa
força aerodinâmica na direção em que ser quer deslocar; e
Permitir a pilotagem do helicóptero em torno do seu centro
de gravidade - CG - e ao longo de uma trajetória no espaço aéreo.
Para permitir estas três funções, o
rotor principal é constituído:
Por um jogo de pás (2 a 7 pás), ligadas ao mastro através
da cabeça do rotor; e
pela cabeça do rotor, que é a interface entre as pás e o
mastro, fornecendo os três graus de liberdade de movimento para as pá.
Na maioria dos helicópteros existe também
o rotor de cauda, necessário para compensar o torque gerado pelo motor, quando o motor
estiver fornecendo potência ao rotor principal.
Funções da Cabeça do Rotor Principal
A cabeça do rotor é o coração da
aeronave de asas rotativas, pois é para onde convergem todos os problemas iniciais de
adaptação e de regulação.
É através da cabeça do rotor que passam
os esforços aerodinâmicos e centrífugos vindo das pás para a estrutura e é onde se
localizam todas as causas dos problemas dinâmicos geradores de vibração e de
instabilidades.
Também, é através da cabeça do rotor
que as pás recebem a potência vinda do motor para mantê-las girando e os comandos de
vôo de pilotagem em passo.
Foi Juan de La Cierva que em torno de 1928
construiu o primeiro rotor articulado para os seus autogiros, resolvendo assim os
problemas fundamentais de instabilidade que tinham levando ao abandono a maior parte dos
desenvolvimentos em asas rotativas feitos no início do século 20.
Para solucionar os problemas de tendência
a cabrar dos autogiros quando se iniciava a corrida de decolagem, La Cierva primeiramente
idealizou e construiu a articulação de batimento, compensando assim a dissimetria de
sustentação.
Posteriormente, ele introduziu a
articulação de avanço e recuo, para anular os esforços de flexão na raiz da pá, no
plano de rotação, causados pela aceleração de Coriolis.
Foi aperfeiçoada também nesta época a articulação de
passo para variar a força aerodinâmica gerada pelo rotor principal em intensidade (passo
coletivo) e em inclinação (passo cíclico) (figura 1-8 ).
Figura 1-8 Os Três Movimentos de uma Pá de um
Helicóptero Tripá
Nota
1: As pás do rotor construído por La Cierva eram completamente rígidas, sendo desta
forma impedidas de executarem livremente os movimentos de batimento. Ao iniciar o
movimento de translação, surgia no rotor uma forte tendência a cabrar devido à
dissimetria de sustentação.
Os
três graus de liberdade (liberdade em batimento, em arrasto e em passo) das pás de um
rotor de asas rotativas podem ser efetuados:
em torno de rolamentos mecânicos ou buchas
autolubrificantes, normalmente encontrados em rotores antigos;
por flexão e torção de peças metálicas (barras em
titânio, feixes de cabos de aço) ou pela flexão e torção da própria pá construída
em alumínio, encontrados em rotores antigos;
em torno de rótulas
elastoméricas, utilizadas na quase
totalidade dos rotores modernos; ou
por flexão e torção de peças em material composto
(barras em fibra de carbono ou em fibra de vidro) ou pela flexão e torção da própria
pá construída em material composto, empregadas em alguns rotores modernos.
Portanto todos os rotores de asas
rotativas, mesmo os rotores rígidos, possuem necessariamente os três graus de liberdade,
com as seguintes funções:
Grau de liberdade em passo, permitindo variar o
ângulo de ataque das pás de forma coletiva (todas as pás são submetidas à mesma
variação de ângulo de passo ao mesmo tempo) ou de forma cíclica (para cada posição
de azimute existe um valor de ângulo de passo). A variação de passo é necessária para
a pilotagem da aeronave e o movimento é feito em torno de eixo de variação de passo,
que está na direção radial do disco do rotor (figura 1-9);
Figura 1-9 Grau de Liberdade em Passo
Grau de liberdade em batimento,
que é o movimento que a pá executa subindo e descendo perpendicularmente ao plano de
rotação, em torno do eixo de batimento posicionado perpendicularmente ao mastro. Este
movimento é necessário para compensar a tendência a cabrar do rotor, devido à
dissimetria de sustentação que aparece quando a aeronave de asas rotativas está em
translação. Quando a pá sobe, o ângulo de ataque diminui, diminuindo a sustentação e
reduzindo a tendência de subir. Quando ela desce, aumenta o ângulo de ataque e
conseqüentemente a sustentação, reduzindo a tendência de descer (figura 1-10) ; e
Figura
1-10 Grau de Liberdade em Batimento
Nota 2: As rótulas
elastoméricas equipam os helicópteros modernos e são constituídas de calotas
esféricas em aço montadas umas sobre as outras e intercaladas por um elastômero
(borracha especial), fazendo uma montagem do tipo sanduíche
Grau de liberdade em avanço
e recuo (ou grau de liberdade em arrasto) é o movimento que a pá executa avançando
e recuando no plano de rotação, em torno do eixo de avanço e recuo, que é paralelo ao
mastro. O movimento de avanço e recuo no plano de rotação está diretamente acoplado ao
movimento de batimento e é causado pela aceleração de Coriolis (ver item 4.4 Efeito de
Coriolis). Quando a pá executa um movimento de batimento para cima, ela avança. Quando a
pá desce, ela recua (figura 1-11). Esta oscilação no plano de rotação é a principal
causa do fenômeno de ressonância no solo.